terça-feira, novembro 29, 2011

Badeco: uma trajetória de sucesso

Ivan Manoel de Oliveira é um homem educado, humilde e detentor de sorriso espontâneo. Diante de tal descrição, ninguém imaginaria que ele já dividiu um título com Pelé, deu um chapéu em Rivelino e aconselhou Zico, em início de carreira. Mais conhecido como Badeco, o volante de estilo clássico jogou por diferentes clubes entre as décadas de 60 e 70: América de Joinville, Corinthians, América-RJ, Portuguesa de Desportos, Comercial de Campo Grande e Juventude.

Na infância, em Joinville, Badeco teve a oportunidade de vivenciar o futebol através de ídolos do esporte. “O Didi foi jogar na minha cidade, assim como o Zizinho. Se hoje eu sou são-paulino, é por causa do Zizinho, que anos mais tarde seria meu treinador (no América-RJ). Em 1957, ele esteve em um churrasco, na minha casa, e me presenteou com uma camisa. Se eu tivesse guardado, seria uma relíquia”, diz. Porém, a memória infantil ainda revela paixão por outro tricolor: “sou torcedor do Fluminense, por causa do Didi. Desde criança, eu colecionava tudo sobre ele”.

O apelido foi uma herança paterna, assim como o dom pelo futebol. Badeco, o pai, jogou no América de Joinville, onde o filho, então Badequinho, jogou até 1967, quando realizou testes para ingressar no Corinthians. “Eu tomei um drible do Rivelino e quase levei o alambrado. Por que os caras me contrataram? Logo depois, eu dei um chapéu no Rivelino e o treinador, Zezé Moreira, veio conversar comigo”, explica. Mas, ele jogou apenas dois amistosos pela equipe paulista: o primeiro foi uma vitória sobre o Bragantino, por 4 a 0, no dia 21 de setembro de 1967. E o segundo, seis dias depois, no empate com o Paulista, em 1 a 1.

Com Rivelino e Dino Sani no meio-campo corintiano, Badeco não teve muitas oportunidades na equipe. Por isso, em 1968 ele foi transferido para o América-RJ, onde foi treinado por Zizinho e atuou ao lado de Edu, irmão de Zico. “Lembro que Zico queria jogar no América, e a gente dizia: você só pode estar brincando. Vai ficar sem receber salário?” Anos mais tarde, o filho caçula da família Antunes, faria sucesso no Flamengo.

Ídolo e capitão da Portuguesa, Badeco realizou o maior feito da sua carreira ao conquistar o Campeonato Paulista de 1973, quando dividiu o título com o Santos. Depois de um empate sem gols - no tempo normal e na prorrogação - a Lusa havia perdido três penalidades, enquanto o Santos errou a primeira e converteu as duas chances seguintes. Mas o ex-árbitro, Armando Marques, encerrou a partida quando ainda faltavam duas cobranças para cada equipe. “Quando nós erramos o terceiro pênalti, o Sejas (goleiro santista) chutou a bola para arquibancada. Aí todo mundo começou a entrar (no gramado)”, lembra. Na época, a final realizada no Morumbi, contou com a presença de 116.156 pagantes.

No momento em que o árbitro considerou o jogo encerrado, o time não percebeu o erro, mas o então treinador da Lusa, Oto Glória, conduziu os jogadores ao ônibus. Enquanto os dirigentes da Portuguesa reivindicavam a realização de outro jogo, a diretoria santista sugeria a cobrança das penalidades restantes. Após acordo entre os dirigentes, a Federação Paulista de Futebol proclamou os dois clubes campeões.

O ex-volante ainda perderia um título paulista em 1975, também em disputa de pênaltis, contra o São Paulo, mas dessa vez com outra polêmica. “Em 75, um jogador são-paulino, Muricy (hoje treinador do Santos), foi expulso no tempo normal, e na prorrogação os dirigentes tricolores invadiram o campo exigindo direito a substituição. Segundo eles, a prorrogação seria equivalente a outro jogo. Mas era uma estratégia para esfriar o time da Portuguesa”, explica. Nesse contexto, o tricolor paulista levou a partida para os pênaltis e venceu por 3 a 0, com gols de: Pedro Rocha, Serginho e Chicão.
Na melhor fase de sua carreira, Badeco acredita que teria chance de ser convocado para a Seleção Brasileira, mas uma contusão e um erro no diagnóstico impediram essa possibilidade, em setembro de 1973. “Quebrei o rádio (no braço direito) e fiquei quatro meses com gesso. Com a demora, solicitei outra avaliação médica e descobri que um mês teria sido tempo suficiente para recuperação”, lamenta.

Após cinco anos na Portuguesa, Badeco ainda jogaria no Comercial de Campo Grande e no Juventude, de Caxias do Sul, em 1978. Durante o período em que atuou na equipe gaúcha, ele vivenciou um evento que marcaria sua vida. Em uma partida contra o Internacional, ele sofreu a contusão que encerrou sua carreira, após um “carrinho” do ex-jogador Paulo Roberto Falcão. “Ele deu um carrinho no canto do campo e pegou meu tornozelo. Mas, não é o fato. Eu já vinha sentindo dores (antes do jogo). Queria jogar porque era um time que pagava os salários em dia, então eu fazia infiltrações”, afirma.

O ex-jogador lembra que ainda na infância, em Joinville, a mãe previa seu futuro: “filho, um dia você será policial”. Ele não acreditou, mas quis o destino que o advogado, formado em direito pela Faculdade (agora Universidade) de Guarulhos, realizasse concurso para a Polícia Federal, quando ainda atuava pelo Juventude. E em 1982, ele foi convocado para iniciar a carreira de delegado, pela qual se aposentou.

Como técnico, ele comandou os juniores da Portuguesa e o time profissional do Bragantino, antes de ingressar na Polícia Federal. Em 1998, após aposentadoria, Badeco ainda retornaria ao futebol para treinar os juniores da Portuguesa e também trabalhou em: Osasco-SP, Maringá-PR e Grêmio Mauaense-SP. Na Lusa, ele também foi supervisor de divisões de base e diretor de futebol, quando se orgulha de ter trazido o atacante Muller: “na época, levei o Muller porque ele era um jogador mais tarimbado e poderia dar orientação aos mais jovens”. A última experiência em gestão esportiva ocorreu em 2008, quando dirigiu o Estádio do Pacaembu.

Hoje, Badeco trabalha na Associação Craques de Sempre, ao lado de ex- companheiros da Portuguesa de Desportos, como: Basílio, Wilsinho e Cardoso. A instituição - financiada pela prefeitura de São Paulo - atua na formação de aproximadamente 6800 crianças, com idade entre seis e dezesseis anos. O ex-atleta ensina crianças e adolescentes através do próprio exemplo: “o jovem precisa de orientação. Ele tem que ver que pode alcançar uma meta desde que ele estude e procure seus objetivos”.

quinta-feira, junho 02, 2011

Vasco abre vantagem na final: 1x0 sobre o Coritiba

“Durante o intervalo do jogo, eu pedi para Allan e Marcio Careca cruzarem mais bolas na área, e na volta, logo no primeiro lance eu consegui marcar o gol”. Assim, o centroavante Alecssandro descreveu o gol do Vasco aos 5 minutos do segundo tempo, que definiu o resultado da primeira partida das finais da Copa do Brasil, em São Januário. Com o placar de 1x0, o time cruz-maltino terá vantagem de empate para sagrar-se campeão no último jogo contra o Coritiba, em partida que será realizada na próxima quarta-feira, no estádio Couto Pereira.

No primeiro tempo, o Coritiba começou o jogo pressionando a saída de bola do adversário e a estratégia funcionou bem, porque o Vasco estava nervoso e errou muitos passes. Não por acaso, com apenas um minuto de jogo o atacante Anderson Aquino arriscou um chute perigoso na entrada da área vascaína.

Porém, aos 21 minutos Felipe realizou um bom passe, Diego Souza driblou dois zagueiros, mas chutou fraco no canto esquerdo do goleiro Édson Bastos. A partir dos 30 minutos, a partida ficou mais movimentada e as duas equipes passaram a apostar nos contra-ataques. O Vasco esbarrava na pouca movimentação dos meias Bernardo e Diego Souza, enquanto o Coritiba pecava no último passe.

No segundo tempo, os papéis se inverteram. O Coritiba começou nervoso e o Vasco passou a pressionar o adversário. Aos 5 minutos de jogo, após passe do meia Bernardo, o lateral direito Allan encontrou Alecssandro livre na área e o Vasco abriu o placar. Após o gol, o Coritiba passou a atacar com mais jogadores, porém de forma desorganizada. Enquanto o Vasco da Gama recuava e mantinha cerca de oito jogadores na defesa, apostando em contra-ataques rápidos de Bernardo, Diego Souza e Alecssandro.

Aos 26 minutos, Leo Gago ainda cobrou uma falta perigosa no lado esquerdo do goleiro Fernando Prass. Com o tempo, os times reduziram o ritmo e obrigaram seus técnicos a realizarem substituições. O técnico Marcelo Oliveira colocou o meia Geraldo e o atacante Leonardo nos lugares de Davi e Bill. Enquanto Ricardo Gomes sacou o meia Felipe para a entrada do volante Fellipe Bastos numa tentativa de fechar a marcação do meio-campo.

Aos 46 minutos, o Coritiba assustou o Vasco na melhor chance do jogo: em cruzamento rápido de Rafinha pela esquerda, o zagueiro Emerson errou a finalização, quando estava dentro da pequena área.

Com o resultado, o Vasco tem vantagem de empate na última partida, mas o Coritiba aposta no apoio dos torcedores em casa. Mesmo com a derrota, o atacante Anderson Aquino demonstrou otimismo após o jogo. “A torcida vai nos apoiar e tenho certeza que vamos reverter o resultado”, disse.

Ficha Técnica:

Vasco 1x0 Coritiba

Local: Estádio de São Januário
Data/Hora: 01/06/2011 às 21h50(Brasília)
Público Pagante: 17922
Renda: R$ 756.765,00
Árbitragem: Paulo César de Oliveira(SP), Carlos Berkenbrock(SC) e Marcelo Carvalho Van Gasse(SP).
Cartão Amarelo: Alecssandro(Vasco), Anderson Aquino(Coritiba)

Gol: Alecssandro, 5´2T (1-0)

Vasco: Fernando Prass; Allan, Dedé, Anderson Martins e Marcio Careca; Eduardo Costa, Rômulo, Felipe(Fellipe Bastos), Bernardo e Diego Souza; Alecssandro(Elton).
Técnico: Ricardo Gomes.

Coritiba: Edson Bastos; Jonas, Emerson, Demerson e Lucas Mendes; Willian, Léo Gago, Rafinha e Davi(Geraldo), Anderson Aquino(Marcos Paulo) e Bill(Leonardo).
Técnico: Marcelo Oliveira.