segunda-feira, julho 31, 2006

Série A: Firme e Forte

A inter-temporada durante a Copa do Mundo de 2006 parece que fez bem a pelo menos dois times: Palmeiras e Santa Cruz. Tite e Mauricio Simões souberam treinar e principalmente motivar os atletas para a difícil missão de fugir da Zona de Rebaixamento.
O salto mais significativo foi do Palmeiras. Tite parece ter conseguido unir o elenco e contornar os problemas de vaidade no grupo. Esse retrato pode se percebido na declaração de jogadores como Juninho Paulista:"hoje jovens e veteranos ajudam e incentivam uns aos outros". Não por acaso, Marcinho recusou proposta do Atlético de Madrid e aceitou a função de ser o décimo segundo jogador do time.
O esquema tático e o estilo de jogo também influenciaram a evolução palmeirense. Os jogadores apresentam excelente preparo físico e o 3-6-1 permite que as principais qualidades do grupo sejam evidenciadas. Edmundo e Juninho Paulista atuam no meio-campo, criando jogadas próximos à área adversária e marcando a saída de bola. Paulo Baier voltou a atuar na posição original de ala. Ele atua melhor avançando em diagonal, finalizando e criando tabelas perigosas pelo lado direito.
Quanto a marcação, os palmeirenses conseguiram cobrir sua falhas com uma disposição incansável nos desarmes e um meio-campo bem "congestionado". Os adversários não têm espaços para trocar passes no meio e são forçados a atacar pelas laterais. Mas isso se Paulo Baier e Michael permitirem que algum lateral avance e deixe o corredor desguarnecido. O esquema tático ainda apresenta falhas quando os atacantes adversários recebem lançamentos nas costas dos alas palmeirenses. Porém essa deficiência é suprida com a pega de jogadores como Alceu e Wendel. Após a excelente atuação no 4x2 contra o Paraná - que realiza boa campanha no Brasileirão - parece que o Palmeiras realmente se ajustou e Tite conseguiu dar estabilidade ao time.

Série C: Times Baianos

Os times baianos têm feito uma campanha regular na Série C. As equipes do interior como o Ipitanga e o atual campeão baiano Colo-Colo decepcionaram. A Cenoura Mecância comandada por Alcir Silva ostenta quatro derrotas em quatro jogos, já o Tigre de Ilhéus tem apenas um ponto.
Enquanto isso, a dupla Ba-Vi assume a ponta dos Grupos 7 e 8 respectivamente. O Bahia ostenta no cartel três vitórias consecutivas, mas só na última rodada apresentou bom futebol. Coincidência ou não, o fato é que o tricolor baiano evoluiu após a saída do técnico Mauro Fernandes.
O Luxemburgo do Nordeste pediu demissão após denunciar o atraso de salários de jogadores e funcionários do clube. A saída foi conturbada mas aparentemente não prejudicou o grupo que aplicou uma goleada de 4x2 sobre o Colo-Colo no fim de semana. A dúvida que paira sobre o Fazendão é: quem deve comandar a nau tricolor com salários atrasados e ainda assim conduzir o clube à Série B de 2007 ?
Alguns bons nomes são cogitados como: Givanildo Oliveira(ex-Atlético-PR), Ferreira(do eliminado Colo-Colo) ou Artuzinho (ex-Vitória). Outros preferem apostar na permanência do técnico-interino Charles. O problema está na falta de experiência do ex-atacante e ídolo tricolor. A responsabilidade é muito grande para alguém que até semana passada comandou os Juniores na Copa BH.
Quanto ao Vitória, o técnico Fito Neves ainda pena para descobrir um bom atacante e ajustar o meio-campo. O atacante Mendes foi artilheiro da equipe no Baianão 2006, mas ainda não deslanchou na Série C e seu substituto natural(Marcelo Moreno) ainda sofre com a pouca experiência. Outros atacantes como Bida e Hugo são apenas razoáveis e estão longe de resolver o problema da falta de gols na Toca do Leão.
No meio-campo rubro-negro, a dúvida saúdável tornou-se enxaqueca para Fito. O recém- chegado volante Rincón foi vaiado pela torcida no jogo contra o Coruripe. Garrinchinha é o xodó rubro-negro e agrada os torcedores pela velocidade na marcação e qualidade nos contra-ataques. No setor de criação, Índio é intocável graças aos gols marcados mas Leandro Domingues e Jorge Henrique ainda brigam por uma vaga. O último parece levar vantagem com a precisão das cobranças de falta e o talento na perna esquerda.
O Vitória ainda precisa ajustar o time dentro de campo a adquirir reforços. Enquanto o Bahia só conseguirá manter a boa fase quando pagar os atrasados e o Presidente Petrônio Barradas parar de admitir a incompetência administrativa em público quando afirma: "Em nenhum momento houve a promessa de que os salários seriam pagos em dia..."

segunda-feira, julho 10, 2006

Zebra Azzurra

Itália e França fizeram um jogo regular. A Azzurra brilhou pelo talento dos seus defensores, com jogadores como Pirlo, Gattuso e principalmente Canavarro. O último talvez tenha sido o melhor jogador da Copa não fosse pela escolha do craque Zidane, mesmo manchada por uma expulsão.
O jogo em si têve equilíbrio, com algumas chances incríveis desperdiçadas pela França, muitas vezes com a demora excessiva dos atacantes nas finalizações. A Itália também têve boas oportundades principalmente em escanteios, um deles originou o gol de empate no 1x1.
Mesmo com o empenho e a motivação dos times em campo, a qualidade técnica foi frustrante ainda que coerente com a média de gols do mundial. A Copa do Mundo de 2006 tem a segunda pior média de gols, a primeira foi a Copa de 90.
Como havia escrito antes, não queimei a língua, mas com certeza os dedos... a Azzurra foi consagrada campeã. Esperava gols, finalizações e um maior volume de jogo da França pelo futebol apresentado em partidas anteriores. Mas, os italianos mantiveram uma postura sólida na defesa e justificaram a fama de Parede Impenetrável. A equipe comprovou o favoritismo apontado antes da Copa ainda que tenha feito uma campanha apenas regular no mundial.
Talvez eu seja muito exigente e essa realmente tenha sido a Copa da Azzurra. Os italianos jogaram o conhecido feijão-com-arroz que sempre funcionou. O bom futebol francês desapareceu na final, Zidane foi expulso e Totti - o italiano mais habilidoso - nem entrou em campo. O título premiou a vitória da defesa italiana sobre o ataque francês.
A Azzurra trilhou essa Copa sem grande badalação, jogou passo à passo e terminou campeã do mundo. O técnico Marcelo Lippi comprovou o status de melhor técnico da Copa e talvez tenha sido o mais sortudo nos cruzamentos com: Austrália e Ucrânia. A Azzurra também foi uma Zebra competente, os italianos jogaram contra os donos da casa(Alemanha) nas semi-finais e na final conseguiram superar o melhor futebol - ao menos na fase de mata-mata - da França.
As defesas e os desarmes brilharam nesse mundial em detrimento dos passes e dos gols. O tetra-campeonato da Itália foi a consagração disso. O que não significa que foi um torneio ruim. A Copa do Mundo da Alemanha foi competitiva, poderia ter sido melhor.

Jogo aberto, bom pra Copa!

Portugal e Alemanha realizaram um dos jogos mais abertos da Copa com quatro gols em 90 minutos. As duas equipes apresentaram um futebol competitivo ao longo do torneio.
Os portugueses abandonaram a forte marcação que os consagrou durante a competição para apostar num futebol ofensivo e na suposta fragilidade da defesa alemã. Mas Klisman surpreendeu Felipão e os patrícios com uma linha de defensores bem postada e o conhecido jogo coletivo.
Uma seleção sem grandes talentos foi empurrada por toda uma nação. A Alemanha como país anfitrião conquistou o terceiro lugar com méritos. Com estádio lotado e os torcedores cantando durante toda a partida era bem provável que os portugueses ficassem desnorteados.
Portugal sofreu dois gols através de falhas no próprio sistema defensivo: o goleiro Ricardo foi "surpreendido" pelo chute irreprensível de Schweinsteiger quando ainda estava adiantado; no segundo gol o corte do zagueiro prejudicou a reação portuguesa.
A Alemanha apresentou grande equilíbrio nos setores de defesa e ataque. Os portugueses avançaram a marcação no segundo tempo do jogo, escalaram até quatro atacantes mas não foi suficiente para superar a defesa alemã.
Mesmo na disputa do terceiro lugar Portugal e Alemanha deixaram o exemplo de dedicação, raça e empenho. O alemães mesmo vencendo os jogos nunca abdicaram do ataque, enquanto os portugueses lutaram até o apito final. Foi um jogo aberto em respeito ao futebol.

segunda-feira, julho 03, 2006

Semi-Finais da Copa

Portugal x França - aos amantes do futebol.

A qualidade das duas equipes cria a expectativa de um bom jogo. Portugal e França atuam sob um mesmo esquema tático: o 4-5-1.
A Seleção Portuguesa tem uma a campanha regular. Os portugueses ostentam 4 vitórias e a classificação às semi-finais após um jogo tenso contra Inglaterra, onde consagraram-se dois heróis: o técnico Felipão e o goleiro Ricardo.
Os Blues como os franceses são conhecidos, não inspiravam confiança aos torcedores. A classificação às oitavas ocorreu no último jogo da primeira fase contra a Togo. Mas após a partida contra os africanos, a equipe francesa acordou com o choque inicial e realizou dois bons jogos contra Espanha(3x1) e Brasil(1x0).
Os times apresentam muitas qualidades, algumas parecidas outras distintas. Além do esquema tático, há quatro destaques em cada time. Os volantes Vieira(França) e Maniche(Portugal) marcam com eficiência e aparecem na área do adversário com muita facilidade. O camisa 10 francês pode desequilibrar o jogo ao lado do habilidoso meia Ribery e do consagrado atacante Henry. Do lado português, Deco retorna após cumprir suspensão e pode estar motivado a realizar um grande jogo ao lado do habilidoso capitão Figo e do opotunista atacante Cristiano Ronaldo. Isso pode equilibrar a partida. O ponto determinante do jogo deve encontrar-se mais uma vez na qualidade do goleiro Ricardo e na determinação do técnico Felipão.
Esse será o jogo da técnica dos franceses contra a raça dos lusitanos. As duas equipes marcam por pressão, por isso uma delas deve adotar estratégia diferente para o jogo. Se repetir a atuação contra o Brasil, os franceses devem esperar a iniciativa de Portugal e tentar dominar as ações com a manutenção da posse de bola.
O futebol é a arte do imprevisível. Mas, o vencedor do confronto entre Portugal e França tem boas chances de tornar-se o novo campeão mundial.

Semi-Finais da Copa

Alemanha x Itália - é um jogo equilibrado.

O futebol alemão cresceu com os resultados dos últimos jogos e o apoio da torcida. A Alemanha joga no 4-3-1-2 e depende diretamente do futebol coletivo com a troca de passes no meio-campo e da inpiração da dupla de ataque Klose e Podolski. A troca de passes rápidos na frente e a alternância com a cadência e distribuição do jogo formam a força desse time.
A Itália tem um futebol instável, mas um padrão de jogo bastante regular. A formação no 4-4-2 tem como característica as linhas de quatro defensores e quatro volantes à frente. A proposta do jogo italiano baseia-se nos contra-ataques, na solidez defensiva e no brilho de Totti. A presença do craque italiano cria um sentimento de confiança dentre os demais jogadores além de trazer grandes problemas a defesa alemã com a velocidade de raciocínio do meia.
A Alemanha tem a vantagem de jogar em casa com uma torcida vibrante e a liderança positiva do técnico Jürgen Klinsmann no banco. Mas a Itália pode vencer o jogo se a estrela do meia Totti brilhar e a defesa manter-se como a Parede Impenetrável.

Futebol 1x0 Brasil

O sonho do hexa-campeonato em 2006 tornou-se um doloroso pesadelo para o Brasil. Mas a derrota não se resumiu ao jogo contra a França, ela foi construída ao longo da Copa; desde os treinos em campos reduzidos na Suiça aos segredos da escalação de Parreira.
As estatísitcas da Seleção escondiam suas próprias falhas maqueadas por números positivos - com 10 gols pró e apenas 1 contra - até o jogo contra Gana. Segundo o técnico da Seleção Sub-23 do Irã Renê Simões, "é fisiologicamente impossível um jogador treinar em ritmo leve e render o máximo durante os jogos". Pelo menos há uma coerência com o time de Parreira, a Seleção jogou no ritmo dos treinos.
Além da preparação, a ineficiência do Quarteto Mágico ao longo dos jogos foi um fator determinante. Torcedores, imprensa e principalmente a comissão técnica acreditavam ser impossível a possibilidade de um time com tantos craques falhar ou jogar mal. A expectativa da imprensa antes da Copa era a repetição do Futebol Arte de 1982, enquanto Parreira preferia a segurança e estabilidade aplicada pelos campeões de 1994. A realidade mostrou-se diferente, não ocorreu a evolução esperada pela comisão técnica. O Brasil foi regular em 4 jogos medíocres e um bom jogo contra a galinha-morta japonesa.
A culpa não foi apenas da comissão técnica. Poucos jogadores mostraram dedicação, eles pareciam acreditar que os jogos fossem resolvidos naturalmente e esqueceram "de suar a camisa". A participação numa Copa do Mundo deveria ser a força-motriz para motivar qualquer jogador, mas não os brasileiros. Faltou liderança e uma dose extra de empenho. Enquanto Parreira se auto-intitulava "gestor de talentos", os verdadeiros craques do time foram as formiguinhas: Dida, Juan e Lúcio. O meio-campo brasileiro jogou divorciado das tabelas e seu fracasso culminou com o passeio e a classse do craque francês Zinedine Zidane. Não por acaso a França está nas semi-finais.
Ao Brasil resta o aprendizado. A negligência da maioria dos jogadores brasileiros com a competição e a inoperância da comissão técnica conduziram a barca ao naufrágio. O futebol ensinou mais uma vez que não há vitória sem esforço.